domingo, 16 de março de 2008

Tempo...

"O Tempo perguntou ao TEMPO quanto tempo o TEMPO tem... O TEMPO respondeu ao Tempo que o TEMPO tinha tanto tempo quanto tempo o Tempo tem..." Porque será que o Tempo fez esta pergunta ao TEMPO? Se calhar foi porque o TEMPO consegue fazer mais coisas ao memso tempo do que o Tempo com o mesmo tempo e então o Tempo pensou que o tempo do TEMPO era maior do que o dele...
Confuso não? À primeira vista é, mas lido com atenção até é simples de compreender, mas para ler com atenção é preciso tempo...
Muitos de nós também vemos a vida assim: a correr, lêmos a vida na diagonal e depois tudo é confuso tudo é complicado... E essas pessoas são difíceis de mudar! Pedimos tempo e respondem-nos: "é complicado..."Se repararmos, quem mais tem que fazer é quem tem mais tempo para fazer mais... Será que o dia dessas pessoas tem mais de 24 horas? Não, o relógio corre para todos, apenas existem pessoas que o vêm a andar de maneira diferente... para uns 5 minutos não é nada para outros são 300 segundos... Actualmente vive-se em contra-relógio e o tempo é encarado como um inimigo que corre sempre à nossa frente acelerando quando mais precisamos dele... Mas ainda existe gente que em vez de gastar tempo, usa o tempo... vive cada segundo... transformando uma hora num dia e um dia num ano! Tenho a certeza que quando eram crianças uma tarde de Verão durava uma eternidade! Para os apressados uma tarde são apenas 5 horas... para as crianças são 18.000 segundos! E porquê? porque quando somos crianças queremos viver o agora o hoje , aproveitar cada segundo do presente... Agora rio-me ao pensar que numa tarde já fui jogador de futebol, bombeiro, um super-herói, o sr. da mercearia, um aventureiro explorador de quintais, um marido afável e depois ainda joguei às caçadinhas e às escondidinhas e no intervalo ainda andei de baloiço... em cinco horas apenas... fiz 9 coisas! E tenho a certeza que curti milhões cada personagem! Em sociologia aprende-se que devemos ouvir os mais velhos por causa da sua experiência. Sim é importante, mas acho que devemos também aprender com as crianças lidar com o tempo, a não perder tempo mas a usá-lo!A passar por uma pessoa conhecida e não dizer apenas "olá, como está" e continuar a viagem, esperar pela resposta, trocar um olhar, dar um beijo, um abraço ou um simples toque no braço...não se gastam 2 minutos...
Agora lanço um desafio a quem ler isto: experimentem levantar-se todos os dias uma hora mais cedo, ao fim de 24 dias já viveram 25...



domingo, 9 de março de 2008

O barulho do Silêncio...


"I went to the woods because I wanted to live deliberately...
I wanted to live deep and suck out all the marrow of life!
To put to rout all that was not life...
And not, when I had come to die, discover that I had not lived..."

Na semana passada fui fazer uma caminhada na serra do Gerês, estive rodeado por montes e mergulhado nos bosques, senti-me bem...
A meio da caminhada afastei-me um bocado do grupo e sentei-me numa pedra coberta por musgo verdinho, à sombra de um carvalho curvado pelo tempo e pelo vento; um pequeno carreiro de água corria a meus pés, folhas caídas faziam como que pequenas barragens ao ténue curso de água, mas apesar de pequeno e frágil, a água não se desviava muito do seu trajecto e dessas barragens de folhas resultavam pequenas quedas de água, que provocavam aquele som típico da água a cair, um som que de tão puro e harmonioso relaxa e acalma a mente e o espírito... Fechei os olhos e concentrei todos os outros sentidos... O cheiro da terra húmida e verde parecia limpar-me os pulmões e a mente de toda a perversidade e poluição da cidade... Abri as minhas mãos e com elas o tacteei a brisa que se entrelaçava nos meus dedos... A mesma brisa que sussurrava qualquer coisa nos meus ouvidos e trazia com ela os sons do silêncio... O cantar os pássaros... as folhas a cair... a água do riacho a protestar contra as barragens de folhas... o estalar das árvores que respondiam à brisa que as empurrava e vergava... Toda a Natureza me falou naquele momento... Senti-me pequeno e ao mesmo tempo grandioso... Pequeno porque reparei que nada sou perante a pureza e complexidade do silêncio... grandioso porque tive o privilégio de ser colocado neste mundo para tudo isto ver e sentir...

Ninguém pode dizer que viveu totalmente, se nunca se dispôs a ouvir o silêncio no meio dos montes onde ele é rei e senhor...

Senti-me solto, leve, envolvido pelo silêncio, levado pelo vento... E tal como uma semente confia nele para a transportar a um bom destino, eu confiei que ele me desse resposta às minhas perguntas e me desse um rumo e um local para eu brotar e crescer...

Descobri muito de mim naquele momento...
Pegando no pequeno curso de água...
Também no nosso percurso individual, é natural que se atravessem no caminho pequenas folhas que formam barragens ao nosso caminho... Não podemos só por causa disso deixar de seguir o nosso rumo... Dentro de nós temos forças que não sabemos que existem e elas mostram-se nesses momentos de dificuldades e ajudam-nos a ultrapassar este escolhos... Depois de os ultrapassarmos, olhamos para trás e vemos quão belo foi o nosso percurso e algo de curioso acontece: as dificuldades que quebraram a monotonia do caminho passado tornaram-se pequenas quedas de água embelezando o carreiro já percorrido...

Naquele momento estive longe dos Homens, das cidades, das janelas, das donzelas, mas estive perto de Deus... Ele murmurou-me no silêncio e eu escutei-O...
Se me pedirem uma prova da existência d'Ele eu digo: "Vai para a serra... Sobe à montanha mais alta e abre os olhos e verás que nenhuma outra mão poderia esculpir com tal perfeição toda aquela serra e se achares um monte rude, olha de novo e verás pormenores que não podes imaginar... Depois fecha-os e abre os braços... Ouve a brisa, abraça o vento e sente o barulho do silêncio, aí se estiveres de ouvidos e coração aberto, Ele chamar-te-á pelo teu nome..."

Não, não me esqueci do paladar... Simplesmente ainda estou a saborear o silêncio que ouvi na serra...

domingo, 6 de janeiro de 2008

A Lua...


Muitas vezes de noite olho para o céu e vejo a lua...E quando a vejo, olho-a...Olho-a e chego a perder horas a admirá-la, a ver as suas modificações, o seu trajecto nocturno...Sinto, principalmente em noites de lua cheia, que ela emana uma energia que me eleva, é como que um chamamento...
Quando sinto isso, olho para ela e tento ouvir o que ela sussurra na noite... São contos velhos de amor, que se criaram debaixo do seu manto e da sua luz... Tantos, e tantos... Às vezes pergunto-lhe:"Oh Lua, quando iluminas tu o meu coração?Quando me vais guiar para a janela do meu amor? Quando?" Confio que me dá resposta mas...ainda não a consegui escutar...Por isso, sempre que posso, em noites de lua cheia, saio porta fora com a guitarra na mão e canto para a janela de uma donzela, na esperança um dia seguir a direcção que a lua me indica e faça "a serenata"...
Quando olho para a lua imagino que tu também estás a olhar...e assim sei, que ao olhar para a lua, o meu olhar cruza-se com o teu, onde quer que estejas e os nossos olhos reflectirão o mesmo: A Lua... bela, linda, única...
Imagino também que um dia o teu coração se cruzará com o meu e baterão os dois em unisono num som não meu nem teu...Nosso...
Mas até lá... continuarei a olhar-te, Oh Lua e a escutar o teu murmúrio...
Até lá o meu coração continuará na monotonia dos seus batimentos, esperançoso que tu lhe dês um novo ritmo...
Até lá espero...
Espero...sempre à procura de olhar prá tua janela...